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quinta-feira, 15 de abril de 2010

CARTA ENVIADA AO SITE DEBATE - NOVEMBRO DE 2006

Ao Site Debate


Caro Paulo Marcum!

Caros Debatedores!



Meu nome é Ari Friedenbach, tenho 46 anos, sou advogado, militante nas áreas Cível e Trabalhista.


Sou pai da Liana Friedenbach, jovem de 16 anos, assassinada pelo, na época menor de idade, Roberto Aparecido Alves Cardoso, vulgo champinha, hoje com 19 anos.


Precisamente no dia de hoje, 11 de novembro, completamos três anos do sepultamento de nossa filha Liana Friedenbach.


Vou tentar, de forma breve, relatar um pouco do que se passou nos últimos três anos.


Como acredito ser de conhecimento geral, não vou me ater aos fatos que antecederam o crime.


O início:

Nos primeiros dias do, a princípio, desaparecimento de minha filha Liana, com seu namorado Felipe Caffé, empenhei-me e participei das buscas, não permitindo que as autoridades policiais fizessem uma investigação superficial.


Fato é que no Brasil, as “técnicas” de investigação da polícia, são absolutamente medievais.


Os policiais, além de não disporem de equipamentos básicos para trabalho, são também muito despreparados; isto ficou absolutamente exposto, durante os 11 dias, durante os quais se estenderam as “investigações”.


No entanto, não foi permitido, por mim, com o forte apoio da imprensa, que o caso fosse tratado de forma irresponsável e simplista.


Após a constatação da perpetração do crime, bem como os motivos e a forma como ocorreu, aliado a minha formação e inconformismo, levaram-me a perceber que o simbolismo que o crime alcançou, ou seja, um crime bárbaro, hediondo, cometido por uma quadrilha de quatro maiores de idade e um “menor”, contra uma menina de classe média, chamou a atenção da imprensa e da opinião pública.


É fato que num país com uma das maiores desigualdades sociais do planeta, com índices de violência que superam em muito, diversas regiões do planeta, onde ocorrem guerras e conflitos tribais, crimes como o que vitimou minha filha, é uma rotina, mas tendo em vista a repercussão alcançada, não me vi com outra alternativa a não ser tomar a frente de uma luta, que não se limitou a apenas buscar justiça, mas sim buscar caminhos, que permitam, a longo prazo, a alteração deste panorama que me parece catastrófico.


Meu Luto transformou-se em Luta.


Quando decidi por formar-me em direito e exercer a advocacia, fui sempre movido por minha quase obsessão em buscar a verdadeira Justiça!


No caso do crime que vitimou a Liana, transformou-se numa decisão por, buscar efetiva punição à todos os criminosos de minha filha e; utilizar da melhor forma possível, a notoriedade alcançada pelo crime, qual seja:

  1. Levar a julgamento e condenar com as penas, possíveis dentro de nosso ordenamento legal, todos os maiores de idade, envolvidos no crime;
  2. Impedir, através dos instrumentos legais, que o, na época, menor de idade, Roberto Ap. Alves Cardoso, vulgo champinha, fosse colocado em liberdade, após apenas três anos de internação (conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente determina), sem que se saiba quem é, qual seu nome, com ficha limpa (sem que conste qualquer informação de sua vida pregressa nos arquivos policiais, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente determina).


Com algum apoio político, mas com forte atuação do poder judiciário (Juizes das Varas da Infância e Juventude, da Promotoria da Infância e Juventude; da Procuradoria de Justiça do Estado; Promotores de Justiça e Juizes), alguns objetivos foram alcançados, trazendo, a meu ver, neste caso, uma firme resposta à sociedade, à família e aos próprios criminosos, os quais tinham a certeza da impunidade, notadamente este que é, segundo o último e definitivo laudo pericial, é um psicopata perigoso, o champinha,


Este, informado de seus “direitos”, como todo criminoso é, tinha a mais absoluta certeza que estaria “lindo, leve e solto”, nos próximos dias de novembro, ao completar três anos de internação.


Em uma decisão, que eu diria histórica, a justiça determinou, pela internação de Roberto Aparecido Alves Cardoso para tratamento em uma instituição psiquiátrica.


Aproveito para um esclarecimento técnico da maior importância.

O diagnóstico do criminoso Roberto Aparecido, vulgo champinha, classifica-o como psicopata, ou como preferem outros, um sóciopata, o que quer dizer que estamos falando de uma doença incurável; individuo que apenas pode e deve mantido sob vigilância constante, pois não absorve conceitos e valores éticos. É um ser que não vê limites para alcançar seus objetivos, ainda que isto possa implicar no assassinato de alguém, como o que ocorreu. Busca sua satisfação sem qualquer limite para isto, muitas vezes responsabilizando a vítima por seus atos.


No caso deste criminoso, o Roberto, vulgo champinha, por exemplo, responsabiliza a Liana pela situação em que se encontra!!!


UM PSICOPATA NÃO TEM CURA.


Diferentemente de um diagnóstico de um psicótico, individuo que tem uma doença, a qual pode ser controlada através de medicamentos, permitindo que viva em sociedade, sem oferecer riscos aos outros, desde que medicado.

Portanto, entendo que no caso deste crime, a justiça, dentro do que permite nosso ordenamento jurídico esta sendo alcançada, não permitindo que fiquem impunes, criminosos como estes. Pessoas que não dão qualquer valor a vida do próximo.



Finalmente, quero colocar algumas sugestões que venho encaminhando desde o início desta luta, sugestões esta que procurei aprimorar, ao longo deste caminho:


A Curto Prazo, veja a urgente necessidade de urgente discussão das centenas de propostas para alterações do Código Penal, bem como das Lei de Execuções Penais, para que tenhamos Leis para os dias e realidade de hoje.


Urgente se faz também uma revisão a adequação do Estatuto da Criança e do Adolescente, com aumento severo para o prazo de internação para menores de idade que cometem crimes hediondos, com sérios riscos à vida (por exemplo, assalto a mão armada) e reincidentes.


Determinação do desarquivamento dos antecedentes criminais, com o conseqüente agravamento das penas para criminosos maiores de idade, que tenham tido passagens pelas FEBEMs.


A Longo Prazo, se faz urgente a aplicação de políticas sociais sérias, onde a população carente tenha tratamento digno, com efetivo acesso à educação e saúde, o que levaria, sem dúvida à drástica redução dos índices de violência e miséria.


Políticas apartidárias, com o único objetivo atender efetivamente a população, para que assim após algumas décadas de investimentos responsáveis, para que a população brasileira deixe de ser apenas um povo, para ser um povo cidadão!


É chegada a hora de os governos permitirem aos cidadãos não sejam apenas massa de manobra.


“Não se resolve problemas como os que enfrentamos no Brasil das desigualdades e corrupção, dando-se um peixe, permitam aos cidadãos aprenderem a pescar para assim decidir como comer o produto de sua pescaria”.


Espero, desta forma, estar contribuindo efetivamente, para a construção de um país mais justo e digno.


Atenciosamente


Ari Friedenbach



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Um comentário:

  1. EM DEFESA DO SUPERIOR INTERESSE DOS NOSSOS FILHOS em http://srevoredo.blogspot.com

    Um abraço:)

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